Conversar...
- conversacomoleitor
- 9 de mar.
- 2 min de leitura
Conversa com o Leitor, dois anos de encontros e descobertas em que quem dá o rumo é o leitor.
Quando alguém recebe o convite para participar, a primeira pergunta é: “Não sei se sou um leitor”. E ao final da experiência: “Nossa, como foi bom revisitar meu caminho de leitor, resgatar lembranças de quem estava comigo nas primeiras histórias e os livros que fizeram parte desta jornada.”
Durante a Conversa, os livros, lugares e afetos citados pelo Leitor convidado são carinhosamente registrados e alguns dias depois publicados em nossas redes sociais.
A ideia de “arqueologia afetivo-literária” foi um termo cunhado como resultado destas experiências que o Conversa tem proporcionado.
Outro ponto que também diverte é tratar as mídias sociais como ferramenta para socializar e não como uma camisa de força como tem sido usada. Byung-Chul Han, filósofo sul-coreano que se dedica a analisar as estruturas da sociedade do século XXI, nos ajuda a pensar e defender nossa postura frente ao uso das redes sociais quando, por exemplo, não utilizamos o termo “seguidores” e, sim, pessoas que nos acompanham. E, quando não seguimos padrões estabelecidos para as postagens… A crítica é dura, nos aconselham a entrar no esquema pois perderemos “seguidores…”
Ao usar a ideia de “conversa” e não “entrevista" também definimos nossa dinâmica porque acreditamos que a conversa é mais informal e inclui quem estiver no momento, independente da quantidade de pessoas. A ideia de multidões e “Ks” nos parece ir contra a velocidade humana para perceber e sentir.
Pino, em seu livro “As Marcas do Humano", também colabora com nossas reflexões sobre nossas escolhas. Hoje a tecnologia facilita muito nossa vida, mas é necessário que lembremos sempre que sentir uma poesia ou ouvir a história de outra pessoa é uma experiência que exige um tempo muito maior do que um simples clique.
A experiência de enviar uma carta pode ilustrar essa velocidade humana como uma das marcas. Penso em escrever para alguém, uso papel e lápis ou posso digitar e imprimir, preparo o envelope, levo aos correios, posto a carta. Em seguida, posso me arrepender do que escrevi ou da forma, como também posso ficar muito feliz e tenho tempo para experimentar essas sensações antes do destinatário abrir e ler.
O “Conversa com o Leitor” presencial proporciona olhar, ouvir, sentir e refletir junto com o interlocutor, o que a conversa apenas digital, por vezes, não consegue captar.



O Conversa Com o Leitor acerta no alvo quando propõe a retomada da velocidade natural da vida.